Mesmo que o termo kaipora seja usado de forma genérica para derivar todos os membros da raça hakuatê, vale destacar que este é o nome de apenas uma das famílias. Mas, para fins acadêmicos, utilizaremos o termo kaipora para designar toda a raça, uma vez que ele é também aceito pela maioria dos estudiosos.
Em Terra Brasilis, há pelo menos três grandes famílias originais de hakuatês, subdivididas em sete clãs. Com os esforços de colonização do continente promovidos pelo Império, este povo se espalhou por todas as regiões, podendo ser encontrado tanto em pequenas vilas isoladas quanto nos grandes centros urbanos.
São criaturas extremamente inteligentes, nativas das regiões de Belamata e Amazara, onde ainda vivem, principalmente em bosques e florestas. Essa preferência ancestral pelas regiões florestais fez com que, durante muito tempo, eles fossem tidos como selvagens ou primitivos, o que nem de longe é verdade.
Sua civilização é muito desenvolvida e sabe-se que eles possuem tecnologias que outras partes de Terra Brasilis ainda desconhecem. Esse amor e essa conexão profunda com a natureza está presente até mesmo na palavra kaipora, que significa literalmente “Herdeiros das Florestas”, em sua língua natal.
Fisicamente, os kaiporas se assemelham aos elfos, ainda que odeiem a comparação. São altos e esguios, mas possuem a pele escura, adornada com marcas intensas e coloridas. Essa característica também fez com que fossem apelidados de homens-onça. Suas orelhas são compridas, muitas vezes maiores do que às dos elfos. Com esse atributo físico, conseguem ouvir até mesmo os ruídos mais sutis a longas distâncias.
Possuem longos e resistentes cabelos vermelhos, despencando como cascatas em cores vivas sobre os ombros. Raramente um kaipora do interior corta os cabelos, uma vez que seguem tradições antigas, mas este hábito tornou-se comum nas cidades.
Ao mesmo tempo, é sabido que muitos deles são adeptos de modificações corporais intensas. Costumam marcar o corpo com fogo, utilizando lâminas cerimoniais embebidas com poções desconhecidas, sempre que conquistam alguma vitória específica, seja ela financeira, amorosa ou espiritual. Também marcam os corpos para contar as batalhas vencidas, ainda que suas guerras tenham se tornado raras nos últimos séculos.
Não se sabe ao certo quanto tempo um kaipora consegue viver, já que eles mesmos não falam muito sobre o assunto. A idade estimada varia entre 100 e 250 anos. Outra característica comum nos kaiporas, que também está presente em alguns grupos humanos de khauannãs, são os botoques.
Botoques são objetos ornamentares circulares utilizados como alargadores para os lábios, as narinas e as orelhas. Também chamados de metara pelos kaiporas, costumam ser fabricados com ossos, madeira ou metal e possuem função hierárquica dentro das comunidades mais tradicionais.
Ainda que possuam automóveis e outras máquinas de locomoção, os kaiporas preferem utilizar gigantescas queixadas como montaria. As queixadas são um tipo de porco do mato muito feroz, temido pelos caçadores devido ao som que produzem com suas poderosas presas. Chegam a quase dois metros de altura e se submetem apenas aos kaiporas.
Os kaiporas que viveram muito tempo nas florestas costumam ser sensíveis a claridade intensa, então mantém uma rotina noturna. Quando são vistos durante o dia, estão sempre com a cabeça coberta por um tipo de cocar de penas que cobre os olhos. Mesmo assim, enxergam muito bem, ajudados por sua audição aguçada. Nas cidades, este mesmo comportamento não costumam ocorrer.
O ponto mais polêmico sobre esse povo é a sua dieta. Alimentam-se de qualquer tipo de carne, independente da origem. Isso já causou problemas com certas comunidades, uma vez que a antropofagia não é bem-vista entre muitas espécies, principalmente entre os humanos e os elfos.
Buscando manter a harmonia, decidiram adotar uma rotina alimentar baseada na carne de queixada, insetos e frutas. Também são grandes apreciadores de fumo, principalmente as espécies cultivadas pelos sacires, com quem mantém uma ótima relação.