Num primeiro olhar, os huinãs são indistinguíveis dos humanos. Possuem a mesma estrutura física, os mesmos tons de pele e os mesmos atributos. Mas um único detalhe especial os diferencia por completo: olhos grandes e arredondados, quase sempre em um tom amarelo, amendoado e, em alguns casos, castanho esverdeado.
Esses olhos emitem uma luz dourada intensa quando experienciam grandes emoções, sejam elas positivas ou negativas. Por esse motivo, torturas psicológicas sempre foram muito utilizadas pelos Unidades de Pacificação do Império para encontrar huinãs escondidos entre humanos.
Dessa forma, não é raro encontrar huinãs usando óculos escuros especiais, que protegem seus olhos ao mesmo tempo em que escondem sua real identidade. Isso porque a mera existência destes seres já representa um crime para o Império.
Os huinãs foram o primeiro povo a ser submetido à Lei do Degredo, um punição criada especialmente para propagar a segregação racial entre as espécies. Desde então, foram obrigados a viver como criminosos, escondidos nas sombras, praticando pequenos crimes e aceitando qualquer trabalho para sobreviver.
A questão é muito polêmica. O Império investiu muitos recursos em destruir a figura pública dos huinãs, uma vez que eles são, junto com os anãos, os seres inteligentes mais antigos de Terra Brasilis, vivendo nestas terras há milhares de anos. Ainda assim, devido a uma disputa de poder e ego, muito da história deste povo se perdeu e isso se dá tanto às guerras constantes em que se envolveram, quanto ao iconoclastismo do Império.
Acredita-se que havia mais de 100 milhões de huinãs no continente no período dos primeiros ataques de Arcthrus e da Segunda Invasão dos Elfos. Hoje em dia, este número está reduzido a menos de três milhões. Muitos historiadores usam palavras como genocídio, extermínio e etnocídio, mas o Império nega este fato, justificando tudo como ações sanitárias ou decisões divinas. E desta forma, os huinãs permanecem condenados ao Degredo.
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Até o ano 25 do Império Brasiliano, os huinãs eram aliados e faziam parte dos Povos Livres, o grupo de raças com diretos civis garantidos pela lei. No ano de 1535, por conta de uma decisão do Imperador Anássio Moura, eles foram submetidos à Lei do Degredo e passaram a ser vistos como inimigos. Isso foi um golpe cruel para os huinãs, uma vez que eles foram cruciais para a criação deste mesmo Império.
Centenas de milhares de huinãs foram mandados para campos de trabalho forçado e, aos poucos, a raça foi perdendo a força e o prestígio. Muitos lutaram contra a decisão, mas o Império já possuía poder o suficiente para retaliar qualquer reação contrária. Neste período, muitos huinãs foram mortos e ou fugiram do continente, refugiando-se em locais como a África e o longínquo Ighda’vidar. Outros montaram comunidades no coração da Floresta Amazônica, onde acredita-se que ainda se escondem.
Esse movimento culminou no surgimento do Levante, em 1989. Este grupo de resistência liderado pelos huinãs, mas que conta com o apoio de outros povos Degredados, como os sátiros e os tamarins, surgiu com o intuito de desmantelar a Lei do Degredo.
Hoje em dia, porém, o movimento possuiu apenas uma diretriz: destruir o Império Brasiliano.
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Os huinãs estão se organizando e planejando um ataque contra o Império, que tenta se proteger com tudo o que tem a sua disposição. Mas o fato é que o ódio não pode ser contido para sempre e os huinãs acumulam esse ódio há quase um milênio. Ao mesmo tempo, houve uma grande debandada de moldadores dos trabalhos civis, o que sugeriu que algum tipo de organização estava se formando.
E os noticiários não deixam que nada passe despercebido. No último século, os huinãs estavam presentes em todos os ataques a órgãos públicos, quase sempre auxiliados por moldadores revoltosos. Isso tem deixado os políticos em polvorosa. Dessa, tanto para o Império quanto para os huinãs, existe a certeza de que a guerra é iminente e ela pode significar a destruição do mundo conhecido.